Textos


XILEMA

 

É

“dindom”

ou é

“dim-dom”?

 

Entretanto,

não me toca tanto

quanto o muito que me toca

nonde está escondido

o ene

que se pronuncia

em “muito”.

 

Mora aí

um mistério

de uma linda língua?

Pergunto.

 

E ela também guarda,

a cem xilemas,

um segredo

—afirmo—:

 

“Por que uma planta

é chamada

de ‘pé de alguma coisa’?”.

 

Um pé de algodão

é uma planta de algo

que dá o quê?

 

“Se ‘apruma’

na idéia inicial do poema.”,

penso alto.

 

Sobre chamar de “pé”,

já perguntei isso antes,

e respondi:

“Só sabe

quem sobe e quem lê

seus lenhos,

mas nunca

quem só conta

quantos círculos

têm no tronco.”.

 

Eu acho

que é a junção —ele é pegajoso—

do pê, do acento agudo e do e

que tem no “pólen”,

e só.

 

Quanta pretensão!

Mas você já pensou

na ambição do grão?

 

(Tal) Qual a distância

entre “instante” e “momento”,

qual é maior:

o segredo, o mistério, da língua,

ou essa aspiração do pólen?

Tem gente que tem alergia

em pensar grande...

pra dentro.

 

Tinha muitos pés de café no caminho

e poucas roseiras, mas de muitos espinhos.

E se eu cortar alguns?

Terei quantos tocos?

E depois, quantos brotos?

Multiplico o cafezal na mesma terra?

Pensar grande...

pra dentro.

 

Fez dindom

enquanto escrevo,

e ouço o tropel da correria das crianças.

 

Não à toa,

sempre penso,

e já falei disso antes,

em colocar choque na campainha.

Não pra machucar;

apenas pra pregar uma peça

na própria troça,

 

mesmo sabendo

que virá um pai revolto

chutar a porta...

depois de também tomar choque.

 

É de peroba!

Que se lasque

o pé...

do idiota.

 

É um pé de peroba

e não uma perobeira.

Sempre foi tudo brincadeira

—pé de brinca

que pede

mais pé de brinca—

da língua,

 

maior que o segredo,

maior que o mistério,

 

do mesmo tamanho do pólen,

exato tamanho da árvore,

 

mas o choque na campainha

é sério.

 

Tenho a cara de pau

—não vejo vergonha

nem nenhum mal—

de assumir

que penso nisso.

 

Aliás,

por que “cara de pau”?

Já pensou nisso?

 

Pergunte

àquele pé de pai

ali atrás.

 

 

 

 

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Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 30/06/2025
Alterado em 30/06/2025
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