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A FUMAÇA E O ÍMPETO DE UM PEITO. CERÂMICA E SER AMA

 

Observada

de um ponto distante,

uma nuvem

sobre uma estrada de terra branca,

cercada de árvores verdes,

rodeadas de fornos,

que terminarão, portanto, pretas.

 

Não se sabe

se a nuvem branca levantada

é poeira do percurso

ou fumaça da fornalha.

 

Fora do forno,

paralelamente ao percurso,

como pode a névoa branca

formar-se do carvão?

O leite branco

do peito preto.

Alimento

quente, fresco e completo

para colocar à mesa

onde nem há mesa.

Há luta

para pôr o pão no colo.

Há seios dessa mulher infante

—não só seios.

Percorre de pés descalços

o trajeto de terra

para enfiar as mãos

nas casas de carvão—

para a ceia dos infantes.

 

A tal nuvem,

vista de cima,

faz com que se imagine

que quem passa por ela

ou sente o gosto da terra

ou sente o gosto do fogo. 

 

Subindo, subindo, subindo.

Diminuindo, diminuindo.

Desaparecendo.

Sumindo...

 

Apenas uma pequena porção

alcança o nível

de uma nuvem nuvem.

 

Ao chegar lá,

um dos flocos desta

flerta

com a fração daquela.

 

De repente,

floco e fração

já estão se amando,

caindo de paixões

em chuva torrente.

 

Provou-se, então,

que era nuvem de pó de torrão.

Evidência montada

como argila com água moldada.

 

 

 

 

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[foto]
quando: 11Jul2020

onde: Uganda, Ntungamo, Rwashamarie

por: Andalaquim

Andalaquim
Enviado por Andalaquim em 07/07/2020
Alterado em 29/09/2022
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